Não são raras as vezes que diante das lágrimas infantis não há nada que fazer. E pensando bem, também das lágrimas adultas. Mas, no choro infantil, há uma certa urgência imperiosa. Há uma certa dor mais dolorosa que as nossas dores. Por isso, o sofrimento infantil dói mais que tudo em nós, mães (e pais).
Além disso, tem aquele acordo tácito e implícito que vem junto com a maternidade. (ninguém te contou que mãe tem que ter super poderes capazes de curar qualquer dor?!)
Criança é que nem uma gargalhada gostosa ou um abraço que se demora ou um beijo que lambuza... mas, quando chora, é uma realidade contraditória em si, como um ruído na sinfonia, ou um borrão na obra prima, ou uma nota desafinada na mão do exímio maestro. É tudo que não se encaixa em lugar nenhum.
E esse choro triste escancara a nossa incapacidade em fazer aquilo que, ingenuamente, achamos que poderíamos: proteger sempre os nossos filhos. Não são poucas as vezes que evitar os seus sofrimentos foge às nossas mãos, não faz parte do rol dos nossos superpoderes (muitas de nós trocaríamos os dois dentes da frente por isso).
Mas, sempre haverá uma queda que arranca os dentes, um joelho esfolado, um coração partido, inúmeras frustrações da vida... sempre haverá... novos ou velhos sofrimentos...
Quando me dei conta disso, em todas as inúmeras vezes em que não pude fazer nada para evitar o choro e o sofrimento, ou a frustração, segurei sua mão. Assim, meio que dizendo, meio que querendo que ele percebesse que eu estava lá. E se a dor persistisse, ainda assim, a minha mão insistiria em se manter junto, pressionando-o de leve.
E, olhando a sua pequena mão quente e redonda, apertada junto a minha, eu notei que, misteriosamente, era você que a segurava para me confortar: de tudo mais que eu era incapaz.
Acho que nunca tive toda aquela fantasia em torno do Papai
Noel, mas eu tenho duas recordações sobre presentes de Natal que marcaram a
minha infância. Uma delas foi quando eu tinha uns quatro anos e “apareceu” um
brinquedo chamado “Vire a mesa” na minha casa (é esse brinquedo da foto), supostamente trazido pelo Papai Noel. Eu lembro que fiquei muito impressionada por aquela mágica surpresa.
A outra foi quando, já com uns 10 ou 11 anos, no Natal da
minha família de coração (os Gonçalves: 9 irmãos e inúmeros sobrinhos da esposa do meu
pai), eu fiquei encantada porque cada tio era um papai Noel (sem fantasia) com
um saco grande de presentes para cada um dos sobrinhos (que eram muitos).
Quando os vi cheio de presentes, fiquei levemente triste porque eu não
receberia nenhum, afinal, eu não era da família. Mas, embora eu não fosse
sobrinha de fato, eu e meu irmão tínhamos sidos acolhidos de coração e também
ganhamos vários presentes. Isso me impressionou muito, sobretudo porque na
minha família mesmo, eu nunca tinha recebido presentes de Natal dos meus tios. Nesse
dia, descobri o quanto é bom ser amada gratuitamente e sinto muita gratidão por
isso.
Depois desse dia, decidi que quando eu crescesse e
trabalhasse ($), eu sempre compraria presentes para os meus sobrinhos e
afilhados no Natal. Eu queria que eles sentissem essa gratidão que aprendi a sentir
naquele dia. Não pelos presentes, mas pelo carinho. E, desde que comecei a
trabalhar, presenteio todas as crianças presentes na nossa ceia. E, dessa
forma, sinto que agradeço à Deus que cumula minha vida de bênçãos e presentes vindos
de onde menos espero, como naquele dia e em muitos outros.
E, depois que o Rafael nasceu, essa tradição tem se
fortalecido ainda mais porque quero que ele tenha boas lembranças do Natal. Nos
últimos anos, o Nego tem se fantasiado de papai Noel e faz um teatro muito
engraçado na hora de entregar os presentes. É hilário e muito divertido.
Aí é que vem o paradoxo do meu Papai Noel: eu gosto muito de
toda essa brincadeira, mas eu sou radicalmente contra a substituição do
verdadeiro significado do Natal (que é a celebração do nascimento de Jesus
Cristo) por esses símbolos comercias que o Papai Noel e a Àrvore de Natal
representam.
Além disso, não gosto da ideia de enganar crianças com a invenção
de personagens como fada do dente, coelhinho da páscoa e afins ou qualquer
outro tipo de mentira. Mas tenho me deixado levar pelo tanto que eu me divirto
e gosto dessa tradição natalícia que fazemos. Não fico estimulando toda essa
história de velhinho de barba branca e renas, com cartinhas ou botas na janela,
mas não resisto a convencer o Nego a se fantasiar e fazer toda a encenação.
Tenho deixado essa contradição meio adormecida há algum
tempo até que me deparei com esse texto aqui, do Gabriel Salomão, que apresenta
uma visão muito interessante, e com a qual concordei muito, sobre a diferença
entre fantasia e imaginação. No artigo, ele diz que “Imaginação é aquilo que
surge da inteligência e que ultrapassa os limites da
realidade conhecida. Fantasia, por outro lado, é a imposição de
uma falsidade no plano da realidade, algo que violenta
os limites da realidade conhecida de forma a fazer a criança
acreditar que a realidade é diferente do que é.”
Depois de ler esse artigo, e agora que o Natal está chegando,
voltei a refletir sobre isso.
Por isso, neste Natal, com certeza haverá presentes, mas não
sei se haverá Papai Noel.
E vocês, o que acham? O papai Noel deve ou não sair de cena?
Às vezes, olho para o Rafael e meu coração se enche de perguntas para o
futuro e de amor para o presente. Quem ele é e será? O que será importante para
ele? O que o guiará nesse universo de possibilidades que é a vida? Seus olhos
carregam um universo secreto. E, nessa busca apaixonada pelo serzinho que o
Senhor me concedeu, olho para mim.
Enquanto me esforço para cumprir a missão de educa-lo, descubro no caminhar
lento e rápido dos dias que não o educo. Antes, educo a mim. Antes, torno-me
uma outra pessoa. Melhor, espero. Prepotência achar que posso educá-lo. Não
posso.
Posso ser uma pessoa melhor por este amor, que é forte como a morte e,
então, vendo em mim, ele saberá o que é amor, perdão, paciência, meditação, fé,
educação, respeito, generosidade, compaixão (e o que mais houver de bom para
ser neste mundo). Antes de educá-lo, é preciso ser.
E quando sou tudo isso, ele verá como se é, como se deve ser. E isso não se
pode ensinar, mas aprender. E aprender é algo que cada um só faz por si mesmo.
Espero que ele faça por ele, porque a vida dele tem sido uma das forças motrizes
para que eu aprenda a ser.
A lista de coisas que preciso ser para que meu filho “aprenda” é infinita.
Estou certa de que levarei uma vida inteira para ir sendo melhor que ontem.
Para não ser violenta quando contrariada; para não ser mentirosa e falsa por
conveniência; para não ser generosa por interesse; para perdoar os erros que me
prejudicam; para lidar com a ira quando ela vier; para superar os medos que me
paralisam; para vencer a preguiça e o egocentrismo com generosidade; para
respeitar e tolerar o que é o outro; para reverenciar a criação, imagem e
semelhança de DEUS; para ter fé e esperança sempre; para amar na dimensão da
cruz; para ser essencialmente feliz, sempre...
Enquanto eu aprendo isso, ele vê, ele aprende... não por que eu disse, mas
porque consegui ser.
Depois de ligar em dezenas de escolas públicas e privadas, visitar pelo menos umas 5, ler e avaliar proposta pedagógicas, Projeto Político Pedagógico - PPP das escolas públicas (acesso por aqui), preços e logística, chegamos a conclusão que o melhor seria colocarmos na escola pública.
O único problema é que não sabíamos se haveria vaga para crianças de 3 anos na rede pública no ano que vem. Então, escolhemos uma segunda opção (uma escola particular) para o caso de não haver vagas. Com o plano A decidido e o plano B no bolso, para o caso de intempéries do destino, restava esperar pelo período de matrícula na rede pública.
Aí se passaram umas três semanas de ansiedade até que o governo facilitou bastante a minha decisão (para não dizer limitou) quando resolveu priorizar a matrícula de crianças de 4 anos, e não oferecer vagas para crianças de 3 anos.
Ao fim (pelo menos eu espero que seja) dessa saga interminável e angustiante de encontrar a escola perfeita, que se alinhe com meus princípios e que seja financeiramente viável, restou matriculá-lo na escola particular do plano B.
Assim, o menino vai mudar de escola e nós teremos um orçamento mais que apertado a partir de janeiro.
Depois conto como foi a adaptação e o que estou achando da escola nova.
Ante o ideal da escola perfeita, vamos com a escola possível.
Contei no post anterior que estamos procurando uma nova escola para o Rafael. E, como tenho pensado nisso em cada segundo das 24 horas do dia, resolvi partilhar as minhas reflexões sobre o que seria a escola perfeita para a nossa família, de acordo com o que meu coração (e um pouquinho de informação que encontro na internet ou que leio por aí) tem me inspirado.
São tantas e tão particulares as questões que envolvem a escolha da escola de um filho que é impossível encontrar a escola perfeita, mas não custa sonhar, né? Então, listei 10 itens, em ordem de importância, que, na minha opinião, a escola perfeita teria de ter:
1) AMOR:
Que sejam amorosos ao tratar com as crianças; que compreendam a beleza e a dádiva de se conviver com crianças; que não as rotulem; que compreendam as fases de desenvolvimento natural das crianças e seus desafios; que as chamem pelo nome, que as tratem com amor e respeito, sempre.
2) RESPEITO À INDIVIDUALIDADE:
É muito importante para mim que todo o corpo docente da escola trate as crianças com respeito, que valorize e estimule a autonomia, que as observem e ajudem a descobrir e desenvolver suas melhores habilidades. Sobre esse item, sinto muita afinidade com a pedagogia Montessori. Para ler sobre isso, recomendo esses textos aqui, aqui e aqui.
3) NÃO ÀS TELAS, EM GERAL (TV/computador/tablets, etc):
Eu já contei neste post aqui o que penso sobre TV, o que inclui as demais telas. Não é que o menino nunca assista. Nos finais de semana, costumamos escolher um filme e toda a família assiste junto ou quando ele visita a vovó... Mas se ele vai passar 4 horas na escola, não tem sentido deixar ele em frente à TV nesse período.
4) COMPETIÇÃO:
Que não valorize, nem estimule a competição, mas a cooperação e que ensine que com isso construímos um mundo mais solidário e sustentável. Que não torne a vida escolar uma corrida insana para ser aprovado no vestibular.
5) PÚBLICO x PRIVADO:
"a escola pública de ensino comum é a maior das criações humanas e também a máquina com que se conta para produzir democracia"¹
Eu concordo com as palavras acima, proferidas por Anísio Teixeira, idealizador do sistema educacional na capital. E, por isso, eu preferia que meu filho estudasse numa escola pública (de qualidade, como tem que ser) e, aqui em Brasília, há muitas escolas públicas de qualidade, em especial na educação infantil.
Acho que estudar em escola pública fortalece a minha cidadania, na medida em que estou inserida nessa realidade e atuo em prol de uma melhoria constante e participo dessa construção coletiva que é a escola, a democracia e a cidadania.
Enfim, acredito que o que torna a escola perfeita, são as pessoas que a compõem (professores, pais, alunos, toda a comunidade). É óbvio que uma boa estrutura ajuda, mas as pessoas é que vão transformar o ambiente. Isso sem falar na diversidade de pessoas e classes sociais que só tem em escola pública. É um tema polêmico. Não vou esgotá-lo aqui, mas se quiser ler alguns textos interessantes sobre isso, veja aqui, aqui e aqui.
6) ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL:
Que incentive hábitos alimentares saudáveis, e que não distribua doces e balas nas lembrancinhas; que cultive horta, se possível.
Os dados crescentes de obesidade infantil no Brasil e no mundo são assustadores e a escola tem um papel estratégico para mudar essa realidade. Para uma leitura muito esclarecedora sobre o assunto, sugiro assistir o documentário Muito além do peso:
7) ARTES/MÚSICA/LITERATURA:
Estimular o gosto pela leitura, pela música e pela arte é super importante para enriquecer a forma como as crianças se relacionarão com o mundo. O deleite na apreciação dessas linguagens é uma experiência fabulosa, sobretudo quando se é criança. Além disso, de uma forma geral, a nossa sociedade tem valorizado muito as disciplinas exatas e não exploramos bem o lado direito do cérebro, o lado responsável pela criatividade, inovação, etc. Nem precisa dizer o quanto essas características tem sido importantes hoje em dia...
8) ENSINO RELIGIOSO:
Eu sou cristã e é parte da minha missão como mãe, ensinar a fé em Deus ao Rafael, portanto, valorizo muito que a escola tenha uma orientação religiosa semelhante a minha.
9) ESTRUTURA:
Não sou muito detalhista, mas eu acho importante que toda a escola, em especial, as salas de aula sejam bem iluminadas, espaçosas, arejadas, limpas e organizadas.
10) LOGÍSTICA/PREÇO:
A escola tem que ser próxima ao meu trabalho, ter um preço que caiba no meu orçamento (se não for pública) e oferecer vagas no turno vespertino.
E aí? O que vocês acham? Será que eu encontro a escola perfeita?
E vocês? O que vocês levaram em conta na difícil tarefa de encontrar a escola perfeita?
Contem aqui e me ajudem nessa empreitada.
A saga continua...
Bjos,
VdM
1. RIBEIRO, Darcy. Dr. Anísio. In: RIBEIRO, Darcy. Cartas, falas, reflexões e memórias. Brasília: Senado Federal, 1995. p. 33.